quarta-feira, 12 de outubro de 2016

UM POUCO MAIS SOBRE PERO CORREA E O ABAREBEBÊ

Amigos, visitantes, sejam bem vindos!

Passando por aqui, nesse feriado de 12 de outubro, somente para fazer um post-curiosidade! rs

Como eu disse, no final do post sobre a Parte II (1.553-1.959) da História de Peruíbe, foi bem difícil reunir material sobre essa fase. Mas revendo meus arquivos, encontrei um texto do site www.jornaldeperuibe.com.br, muito legal, falando da relação entre o Pero Correia e o Padre Leonardo Nunes, o Abarebebê, que achei interessante reproduzir, em partes, para vocês. Vamos ver?


1. PADRE LEONARDO NUNES, O ABAREBEBÊ:

"Com a chegada dos Jesuítas, em 1.549, iniciou-se a verdadeira vida colonial em Peruíbe. Aqui vieram, além dos portugueses, várias famílias de refugiados  vindos de Veneza. Chegaram, em Santos, três navios dos irmãos Adorno, que tiveram de fugir de lá, quando o pai deles (Doge) foi morto. Os filhos se salvaram, vindos com navios carregados de mercadorias para cá. O padre Leonardo Nunes começou a primeira vila, com várias famílias. Fez a reforma do antigo forte (Marco Possessório), construiu escola e capela mais ampliada. Deu-lhe o nome de Colégio São João Baptista. Lá estudaram filhos de índios, portugueses, italianos e de quem estivesse por perto.

Essa população mista cultivava, pescava e mantinha escasso comércio... Com a chegada de José de Anchieta, em 1.553, o Colégio já abrigava os Missionários, que ampliavam o ensino religioso em Peruíbe e o trabalho de catequese estendeu-se até Iguape e Cananéia."

Como já mencionei na Parte I, o padre Leonardo Nunes era um humanista, querido por todos, prudente, zeloso, valente e que, por estar em todo lugar com agilidade impressionante, foi apelidado pelos índios de "Abarebebê", que significa irmão do vento ou, como ficou conhecido "padre voador".

Em 1.553, ele deixa Peruíbe e vai para o nordeste, em busca de novos missionários que chegavam de Portugal. Nesse mesmo ano, "retorna a São Vicente na companhia de Pero Correa, dono do navio que fazia o percurso de navegação até a Bahia, trazendo o futuro padre Anchieta." Em janeiro de 1.554, Leonardo Nunes e Anchieta sobem a Serra do Mar, deixando o Colégio entregue a missionários. Lá no planalto, iniciaram o primeiro povoado (Vila de Piratininga) e voltam para Peruíbe. No dia 15 de junho de 1.554, Abarebebê volta para o nordeste mas uma forte tempestade faz o navio naufragar em 30 de junho e todos os ocupantes morrem.
                                                                                                    Pde. Leonardo Nunes:




"Assim desapareceu em 30 de junho de 1.554 o Abarebebê de nossos índios, um grande humanista até hoje lembrado. Deixando a semente da civilização pacífica, temos em Peruíbe as ruínas deste colégio fortaleza, que pode ser visitado a qualquer hora, atestando as origens primitivas do Marco Possessório".











Trecho da vida de Abarebebê, retirado do site www.leonardonunes.org.br

"Padre Leonardo Nunes sempre deu mais valor aos bens espirituais do que ao conforto ou bens materiais. Gostava de cantar e tinha boa voz; usava este instrumento para atrair mais perto a sensibilidade indígena.

  Na capela onde rezava a missa, intimou João Ramalho a retirar-se por julga-lo excomungado - incomodava-o o estilo de vida desregrada de João Ramalho, que tinha muitas mulheres (todas índias) e muitos filhos.

  Nessa ocasião, recebeu ameaças dos filhos do povoador. Nesse mesmo ano aconselhou João Ramalho a fundar Santo André da Borda do Campo, antecedendo Nóbrega no conhecimento dos Campos de Piratininga. Alguns historiadores atribuem a Leonardo Nunes a primeira idéia de fundar São Paulo.

  Incansável na catequese, procurou os tamoios e carijós no sertão, restituindo a estes a liberdade negada pelos portugueses. Numa das cartas de Anchieta encontramos: “...porque também a vida do Padre Leonardo Nunes era muito exemplar e convertia mais com obras que com palavras”."



2. PERO CORREA: de "saqueador a convertido":

No post da Parte I (1.494 a 1.553) eu falei do Pero Correa. Ele chegou aqui, junto com Fernão Morais, vindos de Algarve, integrando a comitiva de Martim Afonso de Sousa. Eles vieram atrás de riquezas (ouros, pedras preciosas e tráfego de índios). Ou seja, eram bandeirantes, que desbravavam as matas para conquistar, sejam territórios, sejam riquezas. "Suas expedições naqueles tempos eram famosas, pois eles capturavam índios e os vendiam como escravos. O comércio de escravos e ouro, extraídos das montanhas além da Serra dos Itatins, deu muito lucro; navios isolados aportavam no Guaraú, eram carregados de mercadorias que transportavam para a Europa. Foram os mais ricos daquele tempo, suas fortunas eram enormes, mas muito odiado pelos índios, que várias vezes, tentaram matá-los...Pero Correa e sesu companheiros vivam em busca de índios, atravessaram as matas e foram obstáculos a toda e qualquer paz entre as mutias tribos indígenas (Carijós, Caiumas, Tapanhumas, Misomonius, Guayanases, Tamois, Tupi Guaranis). Por sua culpa, os índios vivam em guerra constante."


3. NUNES & PERO:

O pacificador Leonardo Nunes fez de tudo para tentar trazer Pero Correa para a Igreja, fazendo-o ver o estrago que ele causava ao trabalho de catequização dos índios e paz entre os habitantes da região. Mas não conseguia. Até que, em 1.553, dizem que ocorreu uma aparição de Nossa Senhora nas matas do Guaraú, durante uma de suas caçadas aos índios. Desse dia em diante, Pero se converteu, depôs as armas e "começou a colaborar pacificamente com os missionários catequistas, ajudando-os a divulgar o Cristianismo entre os índios. Porque ele conhecia vários dialetos indígenas, foi intérprete em muitas ocasiões, ofereceu seus barcos e ajuda financeira para os missionários, que assim puderam ampliar o seu trabalho até o Paraná, construindo igrejas e escolas, avançando pelo sertão, aumentando as povoações."


Pero Correa, por Benedicto Calixto. 
Foto site www.dhi.uem.br:


Curiosidade

Esta obra localiza-se na Igreja de Santa Cecília, em São Paulo, e retrata, segundo a visão de Benedicto Calixto (leia sobre ele no post de mesmo nome, publicado em julho 2016). é o momento da conversão de Pero Correa: ele, de frente e Leonardo Nunes com o braço levantado. 








Foi dai que entendi porque o Leonardo Nunes viajava nas embarcações do Pero e veio, depois, a falecer em uma delas.

De nada adiantou sua conversão. Ele foi morto pelos índios Guayanases, em Iguape, crivado por flechas. Eles não esqueceram o perseguição e captura de seus irmãos.

A história é assim: recortada, interessante, enigmática e cheia de surpresas!!!

Abraço a todos. Paz e luz.


Sofia Golfetto Silva
Consultora em organização




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