sábado, 29 de outubro de 2016

RESSACA, UM FENÔMENO LINDO!!!

Amigos, visitantes, sejam bem vindos!!!

Post para falar desse fenômeno lindo, que é a ressaca do mar. Sim, ela causa estragos e essa é a parte triste. Mas devemos lembrar que nós estamos no lugar errado. Ressacas sempre ocorreram, é da natureza. E nós "invadimos" as áreas de expansão do mar, então... Seja como for, faz parte das nossas vidas, como tantos outros fenômenos naturais e temos que nos preparar para eles, da melhor forma possível.

Mar calmo e tranquilo. É o normal...Foto de Sofia G. Silva:



Mar já mais agitado pelo vento. Em abril, outono. Foto de Sofia G. Silva:

 Nesse sábado, 29/10/16, por volta de 15:40h. Parecia que o céu estava desabando sobre o mar... choveu e tive que voltar para o carro:

As ressacas ocorrem em tempo frio, mais ou menos do final do outono até meados da primavera. São as massas de ar quente que se encontram com as de ar frio, gerando diferenças de pressão atmosférica que causam os ventos fortes que empurram as águas do mar em direção à costa.

Some-se a isso o efeito estufa, que aumenta o acúmulo de energia do sol na atmosfera, que é transferida para o mar na forma de ondas. E também tem as marés, que sobem e descem, de acordo com o movimento da Terra em torno de si mesma.

Como sabemos, o estrago causado pode ser grande, mas hoje é possível prever as ressacas com até cinco dias de antecedência, minimizando os prejuízos. Aqui em Peruíbe, nessa semana, foi dado o alerta, focando especialmente os "quiosqueiros" pois eles são a primeira coisa que o mar encontra pela frente, depois da mureta de contenção.

Nossas muretas são diferentes das de Santos. São muros elevados de 1 metro de altura mais ou menos, como vocês podem ver na foto acima. O mar subiu tanto que as ondas que batiam nas muretas alagaram a grama. Onde existe acesso sem as muretas, a avenida ficou tomada por água e sujeira. Vejam abaixo...


Essa eu bati de dentro do carro! Isso é água do mar. A chuva tinha acabado de começar:

À esquerda da faixa de grama temos a mureta de contenção:


Em destaque o quiosque "Badalo". Bati essa foto da esquina da rua da minha casa, olhando para a direita, em direção à Serra do Itatins. A foto acima mostra o outro lado do quiosque Badalo. O dono é o Baiano, pescador e cozinheiro de mão-cheia!!!:



Aqui, as ondas invadindo as rampinhas de acesso à praia. Básico...

Muita sujeira vem de alto-mar. Paus ficam fincados na areia, plásticos ficam enterrados, troncos de árvore são trazidos até a mureta. A bandeira da CETESB está vermelha pois quando chove muito ou tem ressaca o mar fica impróprio para banho. Normalmente, essa bandeira é verde. Ah... na temporada, devido à grande quantidade de pessoas, as vezes também a bandeira é vermelha. Onde está esse tronco é meu acesso para caminhar na praia, coisa que estou meio que evitando, nesses dias...rsrsrs!!!


Avenida da praia, Jardim Icaraíba:



Olha, uma onda!!! Tá, na mureta, se chocando com violência contra ela!!!:

Enquanto eu estava escrevendo esse post, meu marido chegou e fomos dar uma olhada na orla, no sentido de Itanhaém. Gente, que coisa...da rua da minha casa para a esquerda, não tem mais mureta de conteção, quero dizer, nunca teve mesmo. São as dunas de areia e a vegetação que protegem a avenida. E a coisa foi feia... O mar invadiu 2, vejam bem, 2 quarteirões além da avenida. Tem areia espalhada por todas as ruas, entrou água nas casas e a avenida tá parecendo a praia! Um quiosque cedeu, outro, encheu completamente de água. Fico triste, pois são conhecidos que trabalham muito e...pois é. 

Segundo os pescadores, que também foram aivsados para não irem ao mar, essa vai ser a última noite de ressaca brava. Esperemos que sim!

Ah.. só para ilustrar, o termo "ressaca" de bebedeira veio justamente da ressaca do mar. Em espanhol, "resaca" expressa o refluxo das ondas no oceano. Tudo a ver com o mal-estar provocada pela "katcha"...kkk Em Portugal e no Brasil, o termo ganhou novo significado.

Bom final de semana para vocês. Cuidado com as duas ressacas, para quem estiver no litoral do Sul e Sudeste do Brasil!!!

Paz e Luz.


Sofia Golfetto Silva
Consultora em organização

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A HISTÓRIA DE PERUÍBE - Parte III (de 1.959 até 2.016)


Amigos, visitantes, bem vindos à última parte da História de Peruíbe! Última parte é maneira de dizer, já que a história se faz a cada dia. E nós somos seus construtores...

Porém, antes de começar, preciso fazer um parênteses: como já disse em outros posts para escrever para vocês eu faço uma pesquisa bem ampla. Muitas vezes, demoro para postar, justamente porque estou pesquisando, lendo e me informando, para não escrever besteira aqui. E, caso isso aconteça, com certeza, farei posts para corrigir possíveis erros.

Para contar a História de Peruíbe, gente... eu pesquisei muito. E claro, foi no Google. Gostaria de poder fazer aquela pesquisa a moda do meu tempo: bibliotecas, prefeitura, universidades, pessoas, mas... hoje, é no Google que nós nos informamos. Sabemos que tem muita bobagem circulando por ai, mas também sabemos que existe muita coisa séria. 

Pedi a um historiador conhecido, colaborador da TV Cultura que, se possível, me ajude na história de Peruíbe. Tenho certeza que, se ele puder, vai me dizer se escrevi bobagem e, mais ainda, me passar informações corretas. Então, estou na expectativa: se tudo der certo, em breve, talvez eu tenha mais coisas para falar ou reescrever, ok?! Ah... também estou conhecendo mais pessoas por aqui, moradores antigos que, com o tempo, irão colaborar muito para eu postar "causus" e casos para vocês!

Vamos lá: no post anterior, paramos em 1.959, quando Peruíbe passou a ser um Município: "O desmembramento de Peruíbe do município de Itanhaém, foi autorizado pela Lei n° 5121, de 31 de dezembro de 1958 e referendado pela Lei 5285, de 18 de fevereiro de 1959, sendo que no plebiscito realizado em 24 de dezembro de 1958 a votação pela autonomia e desmembramento foi vitoriosa por unanimidade dos votantes." (texto retirado do www.jornaldeperuibe.com.br )

Como já mencionei, Geraldo Russomano (avô de Celso Russomano) e João Bechir foram os líderes dessa emancipação. À época, a Câmara Municipal contava com 9 vereadores e o primeiro Prefeito foi justamente o Geraldo Russomano, tendo como vice Albano Ferreira.

Eu procurei muuuuito alguma foto do Celso e do Bechir, mas não encontrei. E, quando visitei a página do Celso Russomano, descobri que o Geraldo é avô dele e não tio, como mencionei no post da parte II. Fica aqui corrigido o erro e vou no post, acertar a informação.
Quem tiver curiosidade para ver muitas fotos da antiga Peruíbe é só acessar o link abaixo. Sérgio Gispert Kiss foi quem as publicou:

http://pt.slideshare.net/sergio_kiss/memria-de-peruibe


                                                                 Estação Ferroviária de Peruíbe. 
                                                                 Foto do Jornal de Peruíbe:

Ao lado, a estação de Peruíbe. O centro da cidade se iniciou ao redor dela. Lá, temos a rodoviária, um comércio bem desenvolvido e popular, muito dirigido e frequentado pelos moradores. Eu chamo de Centro Velho...rs Meus pais tiveram uma loja lá e moravam na Av. 24 de dezembro, principal avenida desse centro.
E tem o que eu chamo de Centro Novo, que fica na Av. Pde. Anchieta, muito bom também e tem preferência na escolha dos turistas.




Em 1.974, passa a ser denominada "Balneário". Eu já falei sobre essa denominação, aqui no blog. Veja o link: 
http://conhecendoperuibe.blogspot.com.br/2016/07/voce-sabe-o-que-sao-estancias.html

Com essa denominação, o Município passa a receber verbas diferenciadas,justamente para alavancar o turismo e favorecer o comércio e serviços.

Em 1.975 o Governo Brasileiro, na figura do então presidente Ernesto Geisel, firmou um acordo com a Alemanha para a construção, dentre outras coisas, de uma Usina Nuclear aqui na praia do Arpoador, na Reserva da Juréia. Ainda bem que a sociedade se manifestou, o projeto não teve continuidade: os equipamentos foram "desembarcar" em Angra 3.

Tem uma curiosidade sobre essa época envolvendo o enorme "prédio redondo", que na verdade é um semi-círculo, marca registrada da cidade: ele fica na praia do centro e é um cartão postal: único e imponente. Parece-me que ele foi erguido para acomodar os trabalhadores que construiriam a usina. Era literalmente pé-na-areia. Eu vou me informar mais sobre a história do "prédio redondo" e farei um post específico sobre ele. 


Vista aérea da cidade, acredito que lá pelos idos de 1960 ou antes. Não tinha a avenida da praia, somente a Av. Pde. Anchieta, que era considerada estrada. Nem tinha ainda o primeiro prédio de Peruíbe, que aparece na foto abaixo. Imagem do Google:

Aqui, a cidade já um pouco mais "moderna" e tem um esboço da avenida da praia se formando. Acredito que à direita do círculo já seja a obra do prédio redondo.
Fonte da foto - Jornal de Peruíbe:

Foto super atual do Prédio Redondo: único na orla de Peruíbe. Ao fundo, 
a Serra do Itatins, morro do Guaraú.
Foto de Sofia Golfetto Silva:


São 2 prédios, em semi-círculos. Construção interessante!
Foto de Sofia Golfetto Silva:

Hoje, ele fica na Av. Mário Covas, a "avenida da praia" que, curiosamente, não é a principal avenida da cidade. Ainda bem, já que o comércio e movimento de cidade ficam na Av. Padre Anchieta, a dois quarteirões de distância. Dessa forma, a avenida da praia tem seu agito só mesmo para quem está a passeio.

Peruíbe tem um Plano Diretor muito interessante: é uma cidade bem distribuída, com ruas e avenidas organizadas, fácil de se localizar. Os veranistas, moradores e turistas reforçam isso, em seus comentários sobre a cidade.


A Av. Mário Covas ou "avenida da praia". Tem mais de 10 km de extensão!
Foto de Sofia Golfetto Silva:

A avenida da praia, mais próxima do centro, onde ela é separada por um lindo canteiro. Detalhe: foto feita fora da temporada: sossego total de um dia de semana!
Foto de Sofia Golfetto Silva:


Por ser uma cidade que tem parte de sua área contida em bolsões de proteção ambiental, Peruíbe tem o privilégio de Leis que impedem que a cidade se desenvolva sem critérios. Um desses pontos é o fato de ser proibido a construção de prédios nos dois quarteirões entre a Av. Mário Covas e a Av. Pde. Anchieta. É uma orla linda!!!! Eu e muita gente quer que assim continue, afinal, esse é o grande diferencial da nossa cidade.

Nesses anos da emancipação até hoje a cidade se desenvolveu bastante. Porém, de uns tempos para cá, moradores e veranistas vivenciaram aqui um total abandono, por parte das administrações públicas. Todos querem crer que, a partir de 01 de janeiro de 2017, a História de Peruíbe tome um novo rumo e a cidade seja tratada com mais amor, carinho e cuidado. Afinal, dependemos do turismo para alavancar comércio e serviços, a base de nossa economia. E coisa bonita para ver e interessantes para fazer é o que tem de sobra em Peruíbe!!! Até turismo ufológico, como já mostrado aqui no blog: http://conhecendoperuibe.blogspot.com.br/2016/07/peruibe-capital-nacional-de-ovnis.html

Símbolos da Cidade:


A Bandeira 
Foto do vdrbandeiras.com.br:


O Brasão 
Imagem: www.peruibe.com:

O Hino
Composto pelo Maestro Gomes Cardim
Nesse link, você poderá ouvir o Hino e apreciar imagens da cidade. Muito legal!!!  http://www.peruibe.com/simbolos


Peruíbe, Peruíbe, Peruíbe
Encanto e beleza varonil
Peruíbe, Peruíbe, Peruíbe
Orgulho e grandeza do Brasil

Verde mar e a praia empolgante
Cercada só de flores e jardins
Tem a guarda na muralha do gigante
Do imponente e majestoso Itatins

Com o céu mais lindo e mais azul
Coberto de estrelas rutilantes
Invejada no Brasil de norte a sul
Berço heróico de bravos Bandeirantes

Na história lendária do passado
O seu nome viverá em glórias mil
Como espelho ficará perpetuado
No coração grandioso do Brasil

No site da Prefeitura (http://www.peruibe3.sp.gov.br/imagens-historicas/) tem muitas fotos antigas, pena elas não terem explicações e/ou datas.

E...por hoje é só! Um forte abraço a todos, quando tiver novidades sobre a história da cidade, faço um novo post!!!

Paz e Luz, Namastê.


Sofia Golfetto Silva
Personal Organizer

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A TEMIDA E PECULIAR ILHA DAS COBRAS

Amigos, visitantes e apaixonados por natureza, sejam bem vindos a esse post mais do que super especial, onde você verá fotos INÉDITAS da Ilha das Cobras, enviadas carinhosamente pelo RICHARD RASMUSSEN. Sinto imenso prazer em escrever esse post!!! 

A Ilha da Queimada Grande, também conhecida como Ilha das Cobras, é considerada o segundo lugar mais perigoso do mundo para viver ou visitar. Se formos levar em consideração somente Ilhas, ela é a mais perigosa. Vários sites indicam isso. Veja, por exemplo, no site http://www.elhombre.com.br/os-14-lugares-naturalmente-mais-perigosos-do-mundo/ 

Localizada no Município de Peruíbe, a Ilha da Queimada Grande fica a 35 km da costa (2 horas de navegação), tem aproximadamente 43 hectares (40 campos de futebol) e não tem praias. O acesso à Ilha é proibido e somente  analistas ambientais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade podem ir lá, além de profissionais por eles autorizados. Foi o caso do Richard, que esteve aqui em 29 e 30 de junho passado, junto com o pessoal do Butantan, de SP. Esse instituto é um órgão federal que administra unidades de conservação do Brasil. Desde 1.984 a ilha foi estabelecida como uma ARIE: ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO.

     Ilha da Queimada Grande. Foto Nitroimagens:


RICHARD RASMUSSEN chegando em um dos poucos pontos de desembarque da ilha:


A ilha é um rochedo de granito, com morros de até 210 metros, forrados por Mata Atlântica. Por lá, não existe água potável e nenhum tipo de animal mamífero. Pela foto dá para perceber que penhasco é o que não falta por lá! Somente baratas silvestres e outros insetos,  sapos, aranhas e cobras habitam esse meigo ponto no vasto oceano!!!! É uma ilha quente, com trilhas íngremes, com chuvas e tempestades de vento bem fortes. Se aqui em Peruíbe é assim, imagino na ilha, que está no mar aberto! 

                   Equipe do Richard morro acima:

Daqui da rua da minha casa é muito interessante, pois a visão da ilha fica bem centralizada no final da rua e ocupa toda a vista do mar. 

Em perspectiva, conforme andamos na direção do mar, ela vai diminuindo, diminuindo, até ficar pequena, diante da imensidão do mar. Quando o dia está sem névoa lá em alto mar, ela fica linda, imponente. É visível sem nenhum problema, é grande e passou a fazer parte da minha vida, já que a vejo todos os dias!



Bem, voltando ao texto..rsrs, antes de escrever sobre as cobras, vamos entender COMO ELAS FORAM PARAR E FICAR POR LÁ?!

Há uns 55 milhões de anos, a Ilha se formou por um desdobramento das origens da Serra do Mar, fazendo parte de uma única massa de terra. Diferentes momentos de evolução da crosta terrestre ocorreram. Entre 10 e 12 mil anos atrás, terminou a última era Glacial, o nível dos oceanos se elevou e ocorreu a formação da ilha, já que essa parte do continente ficou cercada de água por todos os lados!

No começo, a população de serpentes era igual as daqui do continente (Bothropoides jararaca). Mas elas tiveram que se moldar a uma nova condição de disponibilidade de alimentos e passaram a se adaptar à vida em cima das árvores, pois o principal alimento eram as aves migratórias. O fato delas terem ficado isoladas na ilha também levou a falta de predadores naturais. O que aconteceu? Infestação total.
                                                          Jararaca-ilhoa. Fonte: DNI:
Dai, essa mudança de padrão alimentar fez, ao longo das diversas gerações, ocorrer uma alteração comportamental: as jararacas-ilhoa (Bothropoides insularis) aprenderam a prender-se no alto das árvores pela cauda, formando um laço em volta dos galhos. Os indivíduos jovens andam somente no solo, como suas parentes do continente e comem lacraias, lesmas, sapos, etc. Quando adultos, passam a frequentar as árvores e se alimentar das aves.




OS FAMOSOS: Richard e a jararaca-ilhoa (Bothropoides insularis):


A evolução fez o veneno da jararaca-ilhoa tornar-se mais potente para que a presa, uma vez mordida, morra rápido. O veneno da jararaca aqui da terra firme, após inoculado, demora mais para fazer efeito. A cobra pode esperar até a presa esmorecer. No caso das aves, se elas demoram para morrer, lá se vai a comida voando...rsrs De nada adianta a presa morrer no mar. Dai, a adaptação às novas condições de vida ilhada fez o veneno ser 5 vezes mais potente que a jararaca continental. A ilhoa pica a ave e não a solta. Ela morre rápido e pronto... refeição servida.

Afrânio do Amaral foi um dos primeiros diretores do Instituto Butantan, de São Paulo e um dos pioneiros no estudo da jararaca-ilhoa, em 1.921. Já em 1.948 pesquisadores brasileiros descobriram o vasodilatador bradicinina, vindo do veneno da jararaca continental. Ele tem ação anti-hipertensiva e originou o medicamento Captopril. Em 2.001, foi patenteado o Evasin, de mesma origem e função. 

Apesar do soro antiofídico ser o mesmo, para as duas espécies, acredita-se que algumas enzimas da ilhoa possam dar origem a novos fármacos. Somado a isso o fato da ilhoa ser endêmica, ou seja, só existe na Queimada Grande, torna a Ilha um paraíso para a biopirataria, uma grande preocupação entre os ambientalistas, segundo explica Raulff Lima, que atua na Renctas, ONG de combate ao tráfico de animais. "As serpentes, de um modo geral, são muito resistentes. Elas podem ficar dias sem comer, o que facilita seu envio para outros países."

 Pesquisadoras do Instituto Butantan, que estavam na Ilha, junto com o Richard, em junho passado:

                                                            Richard e a barata silvestre:


Segundo o Richard Rasmussen, os verdadeiros "donos" da Ilha das Cobras são as baratas silvestres. Então, tá...sei que a maioria das pessoas não é chegada em baratas, mas essas são diferentes, gente, são silvestres!!!!kkkkk Bem, se ele disse isso, imaginem a quantidade de baratas que tem por lá. Cinco cobras por metro quadrado é fichinha!!!





Temos também uma população de aranhas armadeiras, que são perigosas meeeesmo! O que mais me emociona, no Richard, é o contentamento que sente ao se deparar com "caras" assim, como ele costuma dizer...rsrs

Richard e a aranha armadeira. A fisionomia de felicidade dele é ímpar!:

Foto de um dos penhascos. Fonte: DNI:


            Farol da Ilha. Foto: DNI:

Na ilha, existe um farol, instalado em 1.909, cuidado por funcionários da Marinha. Desde 1.940 ele foi automatizado: é operado à distância, bem mais seguro. É visitado para manutenções anuais e com toda segurança. Existem várias histórias/lendas envolvendo a Ilha. Abaixo, cito a transcrição do blog:
http://mundotentacular.blogspot.com.br/2013/03/ilha-das-cobras-o-maior-serpentario.html
"...funcionários da Marinha que cuidavam do farol, instalado em 1909. Eles mencionavam constantemente a quantidade incrível de cobras na ilha, mas a maioria das pessoas no continente achava que aqueles relatos não passavam de exagero. "História de Pescador". Em uma carta, um dos faroleiros relatou: “Para cúmulo de infelicidade, os moradores da Queimada Grande, de vez em quando se veem privados até das próprias galinhas, que criam para sua subsistência, pois que, sendo lá o ‘paraíso das cobras’, esses pobres animais são frequentemente dizimados”, escreveu um deles em 1921.

Tem uma história, que pode ser lenda, que a família de um faroleiro morreu, atacada pelas cobras, após uma forte tempestade. As cobras entraram na casa e mataram o marido, esposa e três filhos.

CURIOSIDADE: "Em meados do século XIX havia planos de utilizar a ilha para o plantio extensivo de bananas. Uma companhia chegou a arrendar a área e enviar um grupo de trabalhadores para derrubar a mata atlântica e preparar o solo para o plantio. Só não contavam com as cobras. Para tentar espantar os animais, espalharam óleo na mata e atearam fogo esperando que isso desse cabo dos répteis. A coluna de fogo foi tão alta que podia ser vista  em Itanhaém e Peruíbe, e serviu para batizar a Ilha que passou a ser chamada de Queimada Grande. É claro, de nada adiantou. As cobras continuaram atacando e assustando os trabalhadores, logo ninguém mais queria trabalhar ali e os planos foram abandonados." Fonte Blog Mundo Tentacular.

Pesquisar e proteger a Ilha não é nada fácil. Por isso, admiro muito o trabalho do Richard e de tantos pesquisadores que já passaram por lá. Inclusive, nos anos de 1.960, outro Richard, dessa vez um belga, já esteve na Ilha. Deixo meu abraço carinhoso ao Richard Rasmussen, biólogo, pesquisador e aventureiro, que nos proporciona momentos raros de conhecimento e contato com a Natureza. Com esse abraço, homenageio todos os pesquisadores que dedicam suas vidas à pesquisa e enriquecem nosso saber.

Obrigada, Richard Rasmussen, sua equipe e a todos os pesquisadores!:


 Deixando a Ilha. Foto DNI:

Temos também a Ilha da Queimada Pequena, que fica mais perto de Peruíbe, a 22 km da costa, e é bem menor. Também faz parte da ARIE. De longe, elas parecem estar perto uma da outra, mas não estão!!!

Ilha da Queimada Pequena:


É isso, amigos. Eu gostei muito, e vocês?! Vários sites foram pesquisados, além das fotos lindas que o Richard mandou. Em especial, destaco o Blog "Mundo Tentacular", cujo link está ao lado da foto do Farol. Também podem ver: 

http://misteriosdomundo.org/a-ilha-mais-mortal-do-mundo-esta-no-brasil/;www.curtoecurioso.com.br

www.viajeaqui.abril.com.br/materias/ilha-queimada-grande-sao-paulo;

https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rea_de_Relevante_Interesse_Ecol%C3%B3gico_Ilhas_Queimada_Grande_e_Queimada_Pequena

http://marsemfim.com.br/arie-ilhas-da-queimada-pequena-e-queimada-grande/

Obrigada pelo carinho, paz e luz.


Sofia Golfetto Silva
Consultora em organização

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

UM POUCO MAIS SOBRE PERO CORREA E O ABAREBEBÊ

Amigos, visitantes, sejam bem vindos!

Passando por aqui, nesse feriado de 12 de outubro, somente para fazer um post-curiosidade! rs

Como eu disse, no final do post sobre a Parte II (1.553-1.959) da História de Peruíbe, foi bem difícil reunir material sobre essa fase. Mas revendo meus arquivos, encontrei um texto do site www.jornaldeperuibe.com.br, muito legal, falando da relação entre o Pero Correia e o Padre Leonardo Nunes, o Abarebebê, que achei interessante reproduzir, em partes, para vocês. Vamos ver?


1. PADRE LEONARDO NUNES, O ABAREBEBÊ:

"Com a chegada dos Jesuítas, em 1.549, iniciou-se a verdadeira vida colonial em Peruíbe. Aqui vieram, além dos portugueses, várias famílias de refugiados  vindos de Veneza. Chegaram, em Santos, três navios dos irmãos Adorno, que tiveram de fugir de lá, quando o pai deles (Doge) foi morto. Os filhos se salvaram, vindos com navios carregados de mercadorias para cá. O padre Leonardo Nunes começou a primeira vila, com várias famílias. Fez a reforma do antigo forte (Marco Possessório), construiu escola e capela mais ampliada. Deu-lhe o nome de Colégio São João Baptista. Lá estudaram filhos de índios, portugueses, italianos e de quem estivesse por perto.

Essa população mista cultivava, pescava e mantinha escasso comércio... Com a chegada de José de Anchieta, em 1.553, o Colégio já abrigava os Missionários, que ampliavam o ensino religioso em Peruíbe e o trabalho de catequese estendeu-se até Iguape e Cananéia."

Como já mencionei na Parte I, o padre Leonardo Nunes era um humanista, querido por todos, prudente, zeloso, valente e que, por estar em todo lugar com agilidade impressionante, foi apelidado pelos índios de "Abarebebê", que significa irmão do vento ou, como ficou conhecido "padre voador".

Em 1.553, ele deixa Peruíbe e vai para o nordeste, em busca de novos missionários que chegavam de Portugal. Nesse mesmo ano, "retorna a São Vicente na companhia de Pero Correa, dono do navio que fazia o percurso de navegação até a Bahia, trazendo o futuro padre Anchieta." Em janeiro de 1.554, Leonardo Nunes e Anchieta sobem a Serra do Mar, deixando o Colégio entregue a missionários. Lá no planalto, iniciaram o primeiro povoado (Vila de Piratininga) e voltam para Peruíbe. No dia 15 de junho de 1.554, Abarebebê volta para o nordeste mas uma forte tempestade faz o navio naufragar em 30 de junho e todos os ocupantes morrem.
                                                                                                    Pde. Leonardo Nunes:




"Assim desapareceu em 30 de junho de 1.554 o Abarebebê de nossos índios, um grande humanista até hoje lembrado. Deixando a semente da civilização pacífica, temos em Peruíbe as ruínas deste colégio fortaleza, que pode ser visitado a qualquer hora, atestando as origens primitivas do Marco Possessório".











Trecho da vida de Abarebebê, retirado do site www.leonardonunes.org.br

"Padre Leonardo Nunes sempre deu mais valor aos bens espirituais do que ao conforto ou bens materiais. Gostava de cantar e tinha boa voz; usava este instrumento para atrair mais perto a sensibilidade indígena.

  Na capela onde rezava a missa, intimou João Ramalho a retirar-se por julga-lo excomungado - incomodava-o o estilo de vida desregrada de João Ramalho, que tinha muitas mulheres (todas índias) e muitos filhos.

  Nessa ocasião, recebeu ameaças dos filhos do povoador. Nesse mesmo ano aconselhou João Ramalho a fundar Santo André da Borda do Campo, antecedendo Nóbrega no conhecimento dos Campos de Piratininga. Alguns historiadores atribuem a Leonardo Nunes a primeira idéia de fundar São Paulo.

  Incansável na catequese, procurou os tamoios e carijós no sertão, restituindo a estes a liberdade negada pelos portugueses. Numa das cartas de Anchieta encontramos: “...porque também a vida do Padre Leonardo Nunes era muito exemplar e convertia mais com obras que com palavras”."



2. PERO CORREA: de "saqueador a convertido":

No post da Parte I (1.494 a 1.553) eu falei do Pero Correa. Ele chegou aqui, junto com Fernão Morais, vindos de Algarve, integrando a comitiva de Martim Afonso de Sousa. Eles vieram atrás de riquezas (ouros, pedras preciosas e tráfego de índios). Ou seja, eram bandeirantes, que desbravavam as matas para conquistar, sejam territórios, sejam riquezas. "Suas expedições naqueles tempos eram famosas, pois eles capturavam índios e os vendiam como escravos. O comércio de escravos e ouro, extraídos das montanhas além da Serra dos Itatins, deu muito lucro; navios isolados aportavam no Guaraú, eram carregados de mercadorias que transportavam para a Europa. Foram os mais ricos daquele tempo, suas fortunas eram enormes, mas muito odiado pelos índios, que várias vezes, tentaram matá-los...Pero Correa e sesu companheiros vivam em busca de índios, atravessaram as matas e foram obstáculos a toda e qualquer paz entre as mutias tribos indígenas (Carijós, Caiumas, Tapanhumas, Misomonius, Guayanases, Tamois, Tupi Guaranis). Por sua culpa, os índios vivam em guerra constante."


3. NUNES & PERO:

O pacificador Leonardo Nunes fez de tudo para tentar trazer Pero Correa para a Igreja, fazendo-o ver o estrago que ele causava ao trabalho de catequização dos índios e paz entre os habitantes da região. Mas não conseguia. Até que, em 1.553, dizem que ocorreu uma aparição de Nossa Senhora nas matas do Guaraú, durante uma de suas caçadas aos índios. Desse dia em diante, Pero se converteu, depôs as armas e "começou a colaborar pacificamente com os missionários catequistas, ajudando-os a divulgar o Cristianismo entre os índios. Porque ele conhecia vários dialetos indígenas, foi intérprete em muitas ocasiões, ofereceu seus barcos e ajuda financeira para os missionários, que assim puderam ampliar o seu trabalho até o Paraná, construindo igrejas e escolas, avançando pelo sertão, aumentando as povoações."


Pero Correa, por Benedicto Calixto. 
Foto site www.dhi.uem.br:


Curiosidade

Esta obra localiza-se na Igreja de Santa Cecília, em São Paulo, e retrata, segundo a visão de Benedicto Calixto (leia sobre ele no post de mesmo nome, publicado em julho 2016). é o momento da conversão de Pero Correa: ele, de frente e Leonardo Nunes com o braço levantado. 








Foi dai que entendi porque o Leonardo Nunes viajava nas embarcações do Pero e veio, depois, a falecer em uma delas.

De nada adiantou sua conversão. Ele foi morto pelos índios Guayanases, em Iguape, crivado por flechas. Eles não esqueceram o perseguição e captura de seus irmãos.

A história é assim: recortada, interessante, enigmática e cheia de surpresas!!!

Abraço a todos. Paz e luz.


Sofia Golfetto Silva
Consultora em organização




domingo, 9 de outubro de 2016

A HISTÓRIA DE PERUÍBE - Parte II (de 1553 a 1959)

Bem vindos, amigos e visitantes!

Vamos continuar a conhecer a História de Peruíbe e do Brasil mais um pouco?!

Bem, no post anterior, estávamos a um dia das eleições. Como foram de votação? Se seu candidato ganhou, olho nele. Se não, olho nele também, afinal, zelar pela nossa cidade é zelar pela nossa qualidade de vida. Vamos deixar de ser passivos e passar a fazer parte da administração das nossas cidades!!!

As "cenas dos próximos capítulos" pararam na chegada do Pde. José de Anchieta, em 1.553. Ele foi trazido pelo Pde. Leonardo Nunes que, infelizmente em 1.554, faleceu num naufrágio.

Peruíbe desenvolveu-se até 1.563, quando um levante dos índios ameaça liquidar toda a obra dos catequistas no litoral paulista, obrigando Anchieta a transferir seu reduto para perto de Itanhaém e abandonar de vez a região em 1.565. Nessa fase, a Aldeia de São João Baptista vai decaindo e, no início do Séc. XVII (1.600), volta a se desenvolver como uma colônia de pescadores.


Catequização dos índios. Foto "Mundo Educação":



Durante um período, a Aldeia de São João Baptista passou para a denominação de Vila da Conceição de Nossa Senhora. É que, naquela época, existiam denominações de Vila, Aldeia, Bairro, Freguesia. Pelas pesquisas de documentos deixados por José de Anchieta, Frei Gaspar, Benedicto Calixto, pesquisadores entendem que as Ruínas do Abarebebê/Colégio São João Baptista, foi o início da fundação da Vila da Conceição de Nossa Senhora, atual Peruíbe. Porém, por volta de 1.640, a denominação de Vila foi perdida e voltou para Aldeia de São João Baptista.

Esse status de "Vila" foi perdido para Itanhaém (que ainda não tinha esse nome) pelo fato dessa Aldeia ser mais próxima da Vila de Piratininga (São Paulo), que crescia a cada dia. Assim, os Portugueses que lá moravam, fizeram por onde elevar a Aldeia para Vila, o que fez de Itanhaém um local com mais movimento e desenvolvimento. Inclusive, os próprios índios catequizados levaram o acervo da Igreja do Abarebebê para o Convento de Itanhaém (que é um ponto turístico de lá e...haja fôlego para subir o morro!!!), com medo de saqueadores, que começaram a invadir a região da Aldeia de São João Baptista.


Convento de Itanhaém: foto Google


Tudo piorou quando, em 1.748, os padres Jesuítas foram expulsos do Brasil, pois sua atuação estava interferindo nas ações da Coroa de Portugal e em seus interesses. Sem a proteção dos Jesuítas e rebaixada à Aldeia, a atual Peruíbe consolidou-se como uma região de pescadores e entrou em declínio e abandono. Em 1.871 recebeu sua primeira "Cadeira Educacional".  Em 1.914, chegou a Estrada de Ferro Santos-Juquiá (Cidade do Vale do Ribeira) e novos imigrantes. Também teve expansão a bananicultura, presença forte até hoje. Ficou ligada à Itanhaém até 1.959.

Mapa da estrada de ferro Santos-Juquiá: 


Curiosidade:

A estrada de ferro foi construída pelos ingleses da Southern São Paulo Railway, entre 1.913 e 1.915. Em 1.927 o Governo do Estado comprou a linha e a entregou para a Estatal Sorocabana.

Abaixo, a esquerda, propaganda integral de lotes a venda em Peruíbe. A direita, ampliado, o anúncio. Jornal Folha da Manhã, 07/07/1.946.

Fonte: www.estacoesferroviarais.com.br:










Nos anos de 1.950 tivemos a construção das rodovias que chegaram ao Litoral Sul. Com isso, a atividade comercial começou a crescer, especialmente a imobiliária. Nessa época, a Câmara Municipal de Itanhaém contava com representantes do Distrito de Peruíbe, entre eles, o vereador Geraldo Russomano (sim, avô de Celso Russomano) e João Bechir, que conseguiram efetivar a realização de um plebiscito, para definir a emancipação política de Peruíbe. Isso foi em 24 de dezembro de 1.958 e, em 18 de fevereiro de 1.959, o distrito passou a ser um município desmembrado de Itanhaém.

Ufá! Esse post deu trabalho!!! Essa é uma parte da história bem difícil de pesquisar, de forma específica para a região. Foi confuso entender o que aconteceu; espero que eu tenha entendido direito, para não passar informação errada. O que ficou muito claro é que mesmo sendo essa Capitania a principal, mais centralizada e tendo como donatário o Martin Afonso de Sousa, o desenvolvimento foi feito a duras penas e aqueles que aqui habitavam sofreram muito. Os índios, então, nem se fala. Tanto é que colocaram os Jesuítas prá correr, depois de 11 anos, quando perceberam que a atuação deles estava fazendo mais mal do que bem: a catequização estava facilitando a captura deles, para serem vendidos como escravos. Não era a intenção dos jesuítas mas... foi o que aconteceu.

Gostaram?! Até o próximo post, boa semana todos!!!

Paz e luz.


Sofia Golfetto Silva
Consultora em organização